A MELHOR MAGIA



David Seth Kotkin (1956-), mundialmente conhecido como David Copperfield, gostava das reações que provocava quando fazia mágicas. Dedicando-se com exclusividade à técnica, nunca tivera tempo para outra coisa.
Na década de 1980, quando trabalhava num programa televisivo, ele começou a receber cartas. Uma delas, a julgar pela letra, parecia ser de um garoto; nela se indagava como se fazia um determinado truque.
David respondeu àquela carta. A correspondência entre ambos foi se estreitando, até o dia em que o garoto incluiu na remessa um artigo de jornal sobre si mesmo.
Na realidade não se tratava de um garoto, mas de um cadeirante de pouco mais de vinte anos. Ele nunca havia mencionado sua deficiência. David então decidiu conhecê-lo. 
O jovem trabalhava como mágico em festas e eventos. Ele não se considerava deficiente porque havia desenvolvido a habilidade de fazer mágica. Conseguia cativar a plateia e era bom no que fazia.
A amizade com o rapaz induziu David a fazer algo diferente. Enxergou a possibilidade de ajudar pessoas. Procurou o Centro de Medicina Diagnóstica e de Reabilitação no Memorial Hospital Daniel Freeman, na Califórnia, e ofereceu-se para ajudar. Verificou que era grande o número de vítimas de traumas físicos. 
David fez demonstrações de magia com artigos usados na fisioterapia: blocos, cordas e elásticos. Com os terapeutas, desenvolveu um programa que usa a mágica como terapia para pacientes - o Projeto Mágica.
Os primeiros resultados foram impressionantes. Uma menina de oito anos, vítima de AVC, retomou o uso da mão direita ao reproduzir uma mágica com elásticos. Um garoto com traumatismo craniano surpreendeu familiares que o visitavam. Sentado na cama, bem vestido e com os cabelos penteados, ele mostrou a mágica que aprendera, quando anteriormente ele não podia sequer sorrir. Diante da reação de seus parentes, o garoto curvou um dos cantos da boca, ensaiando um sorriso.
O Projeto Mágica se estendeu a muitos hospitais e hoje funciona em trinta países.
David diz que ainda busca o equilíbrio entre o tempo pessoal e o trabalho. Afirma saber que seus espetáculos são bons pela reação do público. Também está contente com os resultados do Projeto, vendo as expressões de prazer nas fisionomias dos pacientes. Suas vidas agora estão melhores.
Todo gesto nobre tem sua utilidade. Basta somente um pouco de tempo para olhar além do cotidiano, no sentido de procurar ajudar alguém. 

Da revista "Seleções Reader’s Digest" - adaptação de Marcos Aguiar. 

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