DEVOLVENDO O BEM
Henya estava grávida e muito preocupada. O marido e o irmão dela, que morava com eles, estavam desempregados. Imaginava, angustiada, se ainda teria o seu emprego após a licença-maternidade. Algumas amigas haviam sido despedidas em tais circunstâncias.
Em meio a um jantar dos funcionários, o dono da empresa demonstrou interesse em saber a cidade de origem de cada um.
Quando Henya, timidamente, mencionou sua cidade natal, o patrão manifestou curiosidade maior, perguntando em que barro ela residira, bem como os nomes de seus pais e avós. Henya respondeu a tudo.
A surpresa foi tomando conta de todos quando, emocionado, o empresário relatou:
"Muitos anos atrás, viviam na sua cidade (olhando para Henya) dois eletricistas amigos. Um deles estava muito bem empregado. O outro ganhava apenas o suficiente para sobreviver.
Um dia, um infarto levou o segundo, deixando esposa e filhos. O primeiro, assim que soube, foi prestar condolências à família. Notou como era velha a mobília e os poucos objetos da casa, além da geladeira e prateleiras vazias.
Nos dias que se seguiram, ele, furtivamente, entrava pela porta da cozinha e deixava algumas provisões para os enlutados.
Dois meses depois, a viúva o procurou. Disse que, no porão da casa, havia muito material elétrico e ofereceu para venda.
Então, durante três semanas, o homem vasculhou o porão, separando pilhas de equipamentos, ferramentas, máquinas úteis e inúteis. Ela não sabia, mas ele não tinha intenção de comprar nenhum daqueles materiais.
Quando terminou a triagem, chamou todos os empreiteiros e mestres de obras que conhecia e anunciou uma venda de materiais elétricos. Conseguiu arrecadar três vezes mais que o preço estipulado pela viúva. O dinheiro foi o bastante para sustentar a família por meses."
O empresário fez uma pequena pausa. Dando um suspiro, continuou:
"Henya, o eletricista que ajudou a família do amigo era seu avô. Eu era um dos órfãos. O falecido era o meu pai. A bondade e generosidade de seu avô salvaram nossa família.
Henya, não precisa se preocupar. Você terá emprego permanente em minha empresa. E, caso seu marido e irmão queiram vir ao meu escritório, terei prazer em dar emprego a ambos."
Naquela noite, Henya escreveu uma carta a seu avô, que ainda residia na mesma cidade. Relatou o ocorrido e finalizou: "Muito obrigada, vovô. Saiba que o senhor não salvou somente a família de seu amigo; salvou a minha também."
O bem realizado sempre gera benefícios. Por vezes, nós mesmos colhemos, ainda em vida, as bênçãos da sua semeadura, das mesmas mãos que beneficiamos.
Texto de Yitta Halberstam - adaptação de Marcos Aguiar.
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