A PEDRADA MAIS DOLOROSA
Um homem foi condenado à morte por apedrejamento. Seus algozes lhe atiravam grandes pedras mas o réu, impressionantemente, suportava o terrível castigo em silêncio. Não emitia um grito, um murmúrio que fosse. Compreendia que a desgraça caíra com justiça sobre ele e que, portanto, seus clamores de nada serviriam.
Naquela hora, passou por ali um homem que fora seu amigo. Pegou uma pequena pedra e jogou nele, apenas para demonstrar publicamente que não estava do lado do condenado.
Ao ser atingido pela pedrinha, o réu deu um grito estridente.
O rei, que assistia à execução, ordenou a um de seus homens que perguntasse ao réu porque ele gritara quando atingido pela pedra miúda, depois de ter suportado em silêncio as pedras maiores.
- As pedras grandes - respondeu - foram lançadas por pessoas que não me conhecem, por isso me calei. Mas o seixo foi jogado por alguém que foi meu amigo. Por isso gritei, em protesto contra ele. Lembrei de sua amizade nos bons tempos. E agora vi seu escárnio ao ver-me em desgraça.
O rei, compadecido, suspendeu a pena e o pôs em liberdade, dizendo que mais culpado que ele era aquele que abandonara o amigo na adversidade.
Você pode receber males, apunhaladas e injustiças de estranhos e não se sentir tão abalado; mas a dor será sempre indescritível quando a "pedrada" vier de quem você menos espera. Nunca esteja no lugar de quem atira tal pedra.
Sofra a ingratidão, mas jamais seja ingrato.
Conto judaico - adaptação de Marcos Aguiar.
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