O DONO DE CASA




Certo homem, irritável ao extremo, nunca achava que sua esposa fosse boa o suficiente para as tarefas da casa; ele vivia reclamando. E, num dia em que ela se atrasou em levar-lhe o almoço no campo, ele ficou irritado; daí a mulher disse:
- Vamos fazer o seguinte: amanhã inverteremos os papéis. Você ficará em casa cuidando de tudo e eu virei trabalhar no campo.
- Ah! Vai ser moleza! - respondeu o homem com desdém.
Assim, na manhã seguinte, a mulher partiu para o campo e o marido iniciou as atividades do lar. 
Primeiro, precisou fazer manteiga. Após bater o leite por algum tempo, teve sede e foi buscar água; nesse ínterim, o porco entrou na cozinha e derrubou o pote da manteiga, espalhando pelo chão todo o conteúdo.
O homem, enfurecido, saiu atrás do porco mas, na pressa, esbarrou no armário, o qual desabou com pratos e talheres. Só então lembrou-se da torneira que deixara ligada no quintal, que virou um lamaçal.
Teve de ir comprar nata na venda. Voltando a fazer manteiga, lembrou-se da vaca que ainda se encontrava no estábulo e precisava pastar (já se havia passado boa parte da manhã). Todavia, ele precisava terminar com a manteiga, já que sua criança estava com fome.
Foi até o estábulo e soltou a vaca mas esta, agitada, esbarrou nele, fazendo com que derrubasse o pote da manteiga. Pra completar, a vaca, desenbestada, atolou-se no brejo, exigindo a ajuda dele. 
Já havia passado do meio-dia e nada de manteiga pronta! E a mulher lá no campo esperando que ele lhe levasse o almoço!
Ela, depois de esperar até às duas da tarde, impacientou-se e resolveu voltar pra casa. Ao chegar, deparou-se com o marido tentando puxar a vaca de dentro do brejo, a cozinha suja, a casa revirada e o menino chorando de fome.
O homem conseguiu retornar a vaca ao estábulo e entrou em casa, todo sujo de lama e sem ter concluído absolutamente nada. Daí, ele nunca mais se atreveu a criticar a esposa por seu trabalho. 

Conto sueco - adaptação de Marcos Aguiar. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA FILA QUE VALEU A PENA

A VERDADEIRA RIQUEZA

OS PREGOS