"O BOM, O DOLOROSO E O INESQUECÍVEL"




Quando ele tinha cinco anos, sua mãe se despediu dele, na rua. Ela não queria, não sabia como, nem podia cuidar dele.
Recordando a intensidade daquele último momento com a mãe, lembra perfeitamente da fisionomia dela, suas roupas e seus lábios escarlates. 
A partir de então, percorreria um longo caminho sobre pedras, pontes e ruas suburbanas. Nas ruas ele cresceu e aprendeu "o bom, o doloroso e o inesquecível".
Contrariando o pensamento corrente de que "as feridas cicatrizam com o tempo”, ele diz que não, que "há feridas que nunca mais serão suturadas e que ficarão abertas e latejantes até à morte".
Thomas não tinha horário, nem pais para forçar, nem mãe para ordenar, diferentemente de muitos contemporâneos da mesma faixa etária.
Contando estrelas ou encostando o nariz na vitrine de algum restaurante, invejava inocententemente a sorte dos outros, os desafios que não teve e as obrigações que lhe faltaram.
Um juiz de paz disse-lhe certa vez que não sabia o que fazer com ele, porque ainda não tinha idade para ir para um instituto juvenil ou qualquer lar.
Foi aí que o pequeno Thomas pediu ao juiz: 
- Quero ir para a escola.
- E onde você irá morar?
- O senhor não precisa se preocupar; eu cuidarei do resto.  
Com as roupas que tinha e a pobreza que ostentava, ele ouvia e fazia o dever de casa. À tarde estudava na Biblioteca Nacional; e foi assim que Thomas Jefferson (1743-1826) se tornou o terceiro presidente dos Estados Unidos, entre 1801 e 1809. Quis a Providência que aquele garoto enjeitado se tornasse o principal autor da Declaração da Independência Americana. 

Autoria anônima - adaptação de Marcos Aguiar. 

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