DIGNIDADE EM PRIMEIRO LUGAR




A holandesa Janny Brandes-Brilleslijper (1916-2003), sobrevivente do Holocausto, narrou em suas memórias que, chegando ao campo de Birkenau, foi colocada em quarentena, dentro de um galpão, junto a outras mulheres de diversas nacionalidades além da sua: russas, italianas, norueguesas e dinamarquesas. Mas foram as francesas que lhe proporcionaram algo muito positivo. 
Naquele local desumano, em que os nazistas desejavam simplesmente acabar com a dignidade das pessoas, Janny presenciou algumas daquelas mulheres pegando um pedaço de vidro espelhado e um pequeno pente com três dentes.
Com isso, elas penteavam as sobrancelhas. Depois, prendiam à cabeça pedaços de pano e tornavam a se olhar naquele espelho improvisado para conferir se ainda estavam minimamente elegantes.
Em meio àquele caos, essas mulheres que recorriam a tal precário procedimento de embelezamento, ocultando a cabeça totalmente raspada, reafirmavam sua obstinação em não desistir de sua dignidade e não ceder à pressão de fora para se desumanizar.
Cuidar da aparência, atendendo a mínimos detalhes - isso é uma pura demonstração de amor a si mesmo, absolutamente necessário para o equilíbrio emocional. 

Texto de Willy Lindwer - adaptação de Marcos Aguiar. 

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