NORDESTINA VENCEDORA




Aos sete anos, a alagoana Rosa Célia Barbosa foi largada num orfanato em Botafogo, no Rio de Janeiro. Chorou durante meses.
Toda mulher que via, ela achava que era sua mãe vindo buscá-la. Depois de um tempo esperando por isso, desistiu.
Célia fez vestibular de Medicina enquanto morava, de favor, num quartinho e trabalhava para se manter. Formou-se e decidiu se dedicar à cardiologia neonatal e infantil, quando estava no Hospital da Lagoa, no seu estado de origem.
Sem saber inglês, meteu na cabeça que teria que estudar em Londres, com nada menos que a maior especialista no mundo, Jane Sommerville.
Estudou inglês e conseguiu uma bolsa. Em Londres, era motivo de gozação dos colegas britânicos por causa de seu inglês ruim.
Contudo, ao acertar com precisão um diagnóstico difícil numa paciente escocesa, após examiná-la por oito horas seguidas, Célia ganhou respeito geral.
Ao lembrar do fato, Célia, divertida, diz que o inglês da paciente era ainda pior que o seu próprio.
De Londres, foi direto para Houston, nos Estados Unidos, como convidada.
Foi então que descobriu estar grávida. Pediu 24 horas para pensar e optou pelo filho, retornando para o Rio de Janeiro, onde abriu consultório, reassumiu seu lugar no Hospital da Lagoa e ganhou destaque numa reportagem que apontou os melhores médicos do estado.
Passou a chefiar um sofisticado Centro Cardiológico onde são tratados casos extremos, histórias tristes. Hospital privado, caríssimo, mas onde ela achou um jeito de operar crianças pobres.
Criou uma ONG, consegue patrocínio com amigos e empresários, propiciando, assim, o atendimento de mais de 500 crianças - 120 das quais foram operadas.
Rosa Célia não tem o foco da mídia, nem brilha nas passarelas da moda. Talvez nunca sua vida se torne um filme. Mas ela sabe e tem certeza de que alcançou o seu sonho. 
"Sonhei a vida inteira", diz ela, "e consegui. Não importou ser pobre, órfã, baixinha, alagoana, nordestina. Eu consegui."
Rosa Célia Barbosa, um exemplo de quem perseguiu um sonho e o tornou uma feliz realidade.                         

Texto de Arnaldo Jabor - adaptação de Marcos Aguiar. 

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