TESTEMUNHO DE AMOR





Completamente envolvida nos preparativos do casamento da filha, Rita estava com a agenda cheia. Eram muitas providências: o salão para a festa, a decoração, os músicos, o cerimonial, o bolo, as bebidas e outros tantos pormenores. 
Dois dias antes do casamento, Rita estava revendo detalhes no local da recepção quando notou um senhor espreitando à porta.
Ela o cumprimentou e logo percebeu que era um solitário desejando conversar. Ele contou que, em criança, sofrera um acidente, batera com a cabeça e, por isso, passara sua vida num asilo.
Estava passando uma temporada na casa de um irmão e saíra para um passeio antes do jantar. Curioso sobre o que iria acontecer no salão, soube do casamento; então perguntou se poderia vir dar uma espiada na festa. Rita o convidou para a recepção.
Chegou o grande dia e tudo saiu como planejado - a cerimônia, a música, o corte do bolo, risos, danças e muita alegria.
Aí alguém veio dizer a Rita que um cavalheiro estava na entrada e desejava lhe falar.
Era o homem de dois dias antes.
Estava impecavelmente arrumado, porém acanhado. Não quis entrar. Rita foi buscar um pedaço do bolo e lho entregou.
Comovido, colocou algo nas mãos de Rita. 
- É para a noiva - disse com orgulho.
Era um pacote pequeno, mal embrulhado com papel pardo, atado com barbante.
O homem se foi e Rita colocou o presente junto a outros tantos.
Após a recepção, já em casa, ela principiou a anotar, com detalhes, cada um dos presentes e quem o tinha oferecido. Quando chegou no misterioso embrulho, deparou-se com uma pequena leiteira branca, de louça, dessas bem simples, que se usam em hospitais e em asilos.
Rita então chorou - ao mesmo tempo pela felicidade da filha e pela solidão daquele homem, que passara a maior parte da sua vida numa instituição para doentes mentais.
Chorou com o gesto de amor daquele estranho. E, na lista, escreveu: "Uma leiterinha - Sr. Fulano, Asilo Tal".
Mais tarde, quando sua filha arrumou a casa e dispôs os presentes, colocou a leiterinha em destaque, no meio de um lindo jogo de peças de prata.
Ela também se comovera com a dádiva daquele homem. Era um presente especial, de um mundo solitário para um mundo de esperança. Um testemunho de amor de uma vida para outra.

Texto da revista "Seleções Reader’s Digest" - adaptação de Marcos Aguiar. 

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