RENDER E FRUTIFICAR





Um grande rei, pai de trigêmeos, precisava escolher o seu sucessor. Era uma decisão difícil, já que os três eram igualmente virtuosos. Depois de muito pensar, teve uma ideia.
Chamou os filhos e lhes falou:
- Preciso fazer uma viagem a uma de nossas províncias e pretendo deixar algo valioso com vocês. Peguem.
E, assim dizendo, entregou, a cada um, um pacote com sementes. E completou:
- Devolvam-me essas sementes daqui a um ano, quando eu voltar. Nomearei meu sucessor a quem cuidar melhor delas.
O primeiro filho, tão logo o pai partiu, resolveu guardar as sementes em um cofre.
"Quando meu pai retornar, devolverei as sementes do jeitinho que ele me deu", raciocinou.
O segundo filho observou o que o irmão fez e pensou:
"Se eu guardar minhas sementes, elas morrerão com certeza. Vou vendê-las no mercado e, daqui a um ano com o dinheiro, comprarei sementes novas e até em melhor estado que estas!"
E foi o que ele fez.
O terceiro filho percorreu os jardins do palácio e notou que havia muita terra à toa; então lançou suas sementes em várias partes do terreno e se pôs a regar e adubar aquele chão nos meses que se seguiram.
Quando o pai regressou, um ano depois, chamou os filhos. 
O primeiro entregou-lhe o cofre mas, ao abri-lo, reparou, consternado, que as sementes estavam ressecadas e para nada mais serviam.
O segundo filho, na véspera, havia comprado sementes novas e foi o que ele apresentou ao pai.
- Muito bem, filho, mas ainda assim não fizeste nada especial - comentou o soberano. 
- E você, filho? - indagou, dirigindo-se ao terceiro.
- Por favor, pai, venha comigo.
Foram até à janela, de onde se podia vislumbrar um enorme canteiro de plantas floridas, das mais variadas cores.
O rei, encantado, abraçou o filho e declarou:
- Você será o meu sucessor! Esta, sim, é a maneira correta de administrar os recursos!
Os talentos que possuímos são como sementes. Não podem ser abafados, nem seu uso ser protelado. Devem render e frutificar. 

Texto de Roberto Shinyashiki - adaptação de Marcos Aguiar. 

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