FELICIDADE ALHEIA





Desde os tempos do Jardim da Infância, um menino e uma menina haviam criado um forte laço afetivo. Ano após ano seguiam nas mesmas turmas. Ambos alunos brilhantes. 
Em certa oportunidade, disputaram a mesma vaga num concurso literário de grande relevância. Haviam se esforçado muito na redação e se dedicado às tarefas com afinco durante vários dias.
Aguardavam ansiosos pela seleção da produção finalista, que seria remetida à etapa estadual - uma grande conquista a quem fosse escolhido!
Quando, enfim, foi anunciado o resultado, a menina (agora moça), a vencedora, ficou imóvel e muda. Era o que havia aguardado e acreditava-se merecedora. No entanto, a sua vitória significava a derrota do querido amigo.
"Estaria ele magoado?"
Enquanto ela assim pensava, o amigo interrompeu a reticência, na condição assumida de concorrente não contemplado.
Levantou-se, foi até à vencedora e a cumprimentou com absoluta sinceridade.
No olhar dele, tudo o que ela pôde distinguir foi a mais terna alegria, uma demonstração de felicidade genuína, um reconhecimento honesto pelo triunfo dela. Não havia nenhum resquício de mágoa, despeito ou revolta. 
Só então a contemplada pôde comemorar o seu êxito de maneira plena.
Permaneceram amigos. Outros concursos vieram.
Em alguns, ela se sagrou vencedora. Em outros, quase lá. Mas ela nunca esqueceria aquele primeiro episódio e o olhar de seu amigo.
Ali ela aprendeu, na prática, que a felicidade do próximo deve nos alegrar o coração.
Podemos também ser assim? Cada um responda a si mesmo.

Texto de Patrícia Carvalho Saraiva Mendes - adaptação de Marcos Aguiar. 

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