CONFRATERNIZAÇÃO VERDADEIRA





Era a mesma coisa todos os anos. Um idoso desejava passar o Natal com seus filhos e netos. Tecia planos, mandava convites, fazia compras para a ceia. 
Ao longo do ano ele se punha a imaginar em como estariam os filhos, se já estariam com o semblante envelhecido e com os cabelos brancos. E os netos? Já seriam quantos? Alguns ele ainda nem conhecia.
Contudo, já no início de dezembro, começavam a chegar os e-mails e mensagens no celular com as ladainhas de sempre. Cada filho com uma desculpa. Prometiam visitar o pai assim que pudessem ou no próximo Natal, mas todo ano o constrangimento se repetia.
E o velho acabava passando o Natal sozinho. Aproveitava a ceia, rezava e depois sentava na poltrona para mergulhar num oceano de lembranças.
No ano seguinte, os filhos estranharam quando não chegou o costumeiro convite do pai - e já era meados de dezembro. Por outro lado ficaram até aliviados por não terem que mentir outra vez. Mas o silêncio do velho não deixava de ser estranho.
Foi então que, bem na véspera do Natal, receberam um telefonema: o pai havia morrido e o velório seria na casa dele.
Largaram tudo, fizeram as malas, compraram passagens, juntaram a família e se encontraram às portas da casa paterna. Todos consternados e cheios de remorso.
Entraram na casa, abraçados e chorando. Mas o que havia na sala não era um caixão: a mesa estava posta, repleta de detalhes caprichosos e finas iguarias natalinas. Filhos e netos ficaram sem entender.
Enquanto se indagavam, atônitos, tomaram um choque ao ver o patriarca saindo de detrás de uma cortina, vestido de Papai Noel.
- Feliz Natal! De que outra forma poderia tê-los aqui outra vez? - disse ele, sorrindo.
A estratégia do velho dera certo. A família inteira estava reunida pela primeira vez.
Seguiram-se beijos, abraços e pedidos de perdão, além de muitas lágrimas de alegria. E, naturalmente, uma bela, ruidosa e festiva ceia de Natal.
A vida é muito curta. Não espere até que seja tarde para ver e estar com quem você ama.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.

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