CADA UM É CADA UM





Um corvo admirou-se ao ver a rainha das aves, a águia, agarrar um cordeiro e erguê-lo do chão sem nenhuma dificuldade. Ela o levou para seu ninho, nas montanhas, batendo as asas como se não carregasse nada. 
O corvo sentiu inveja de tamanha demonstração de força da águia e quis imitá-la. Mesmo menor em tamanho, ele tinha uma fome descomunal e um cordeiro seria um delicioso aperitivo.
Nesse intento, aproximou-se de alguns cordeiros que pastavam tranquilamente. Escolheu o mais gordinho e, antevendo o banquete, tratou logo de pegá-lo.
- Você será uma ótima refeição! - disse o corvo ao agarrar a pobre vítima, que começou a berrar com desespero. 
Num esforço supremo, o corvo quis fazer igual à águia, mas não conseguiu. O cordeiro era bem mais pesado que imaginara e as patas do corvo eram curtas e finas, longe de se igualarem às poderosas garras da águia. Além disso, devido à espessa lã do cordeiro, o corvo não conseguia segurá-lo, ficando, ao contrário, com as patas emaranhadas.
Os crescentes berros do cordeiro chamaram a atenção de seu dono, que veio logo acudi-lo.
O pastor retirou o corvo de cima do cordeiro, prendeu-o numa gaiola e o levou para casa, a fim de que seus filhos brincassem com ele.
Acabou ficando preso por muitos anos, tempo suficiente para refletir sobre as consequências de querer imitar os outros sem ter as mesmas condições que eles.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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