SEM O RABO




Certo dia, ao passear pela floresta, uma raposa acabou caindo numa armadilha, contudo conseguiu escapar; só que perdeu sua bela cauda.
"E agora?", pensou, aflita. "Estou com vergonha de andar por aí. Todo mundo vai rir de mim. Vou é me esconder..."
E foi o que ela fez: passou vários dias entocada, sem coragem de se mostrar às outras raposas. 
Mas depois ela teve uma ideia. Saiu da toca e foi à assembleia das raposas. Chegando lá, gritou:
- Vejam, minhas amigas! Agora estou sem a cauda! Fiquei livre daquele fardo! Estou mais leve e bonita! Se quiserem ficar como eu, posso cortar os rabos de todas vocês! Que acham?
Uma das ouvintes, presumivelmente a mais sensata, respondeu:
- Amiga: se todas tivéssemos perdido as caudas, você estaria disposta a perder a tua?
Há por aí muitas pessoas como a raposa sem rabo: não contentes com a própria desgraça, querem também o infortúnio dos outros!

Fábula de Esopo (620-564 a.C.) - adaptação de Marcos Aguiar. 

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