SAINDO DO FOCO




Havia um cabritinho cujos chifres graúdos o faziam pensar que ele era adulto o bastante para cuidar de si mesmo. Então, numa tarde, enquanto o rebanho retornava para o curral, o filhote continuou perambulando pela mata, apesar dos rogos de sua mãe. 
O sol estava se pondo quando o pequeno cabrito se deu conta de que estava sozinho. Daí estremeceu ao lembrar do lobo. Começou a correr descontroladamente pelo campo, arrependido de sua ousadia, clamando por sua mãe. Mas, no meio do caminho, deparou-se com o temido predador.
"E agora?", pensou o pobrezinho, sabendo que tinha pouca ou nenhuma esperança.
- Por favor, sr. Lobo - disse, trêmulo - Sei que está prestes a me devorar. Mas poderia me conceder um último desejo? Gostaria que tocasse uma música para mim, pois quero dançar e me divertir antes da minha morte.
O Lobo gostou da ideia.
- Pensando bem, seria ótimo um pouco de música antes da minha refeição! Certo!
E, tomando sua flauta, começou uma melodia alegre e o cabritinho se pôs a saltar e dançar alegremente.
Mas o som da flauta e dos berros eufóricos do cabritinho ecoou através da floresta, chegando aos ouvidos de uns pastores que estavam ali perto; atraídos pelo barulho, correram para lá com seus cães. 
O lobo, horrorizado, percebeu o perigo, largou a flauta, disparou para dentro da mata e o cabritinho foi salvo.
"Como fui tolo!", pensou o lobo com desgosto. "Ao invés de ir direto ao ponto, acabei me distraindo com os caprichos da minha vítima!"
Nunca se deixe desviar de seus objetivos. Não permita que motivos fúteis o tirem do foco.

Fábula de Esopo (620-564 a.C.) - adaptação de Marcos Aguiar. 

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