QUE LIÇÃO DEIXAREMOS?




Quando o assunto é "homem", é comum, numa roda de amigas, que se comentem os defeitos deles e como elas poderiam ser mais felizes sem eles. Foi assim numa tarde, na academia, onde se encontravam uma quarentona e outras mulheres mais jovens. Uma delas lhe confessou:
- Sabe, invejo sua felicidade. Você vive transpirando alegria, de tal forma que chega a ser contagiante. Qual seu segredo, afinal?
- Ah, devo tudo ao meu marido - respondeu simplesmente. 
- Como assim? - indagou outra amiga com uma pontinha de malícia - Ele te acompanha a todo lugar e te incentiva? O que ele faz?
- Como você pode ser tão feliz com seu marido? - alfinetou outra.
Sempre sucinta, a quarentona respondeu:
- Bem, meu marido morreu.
Todas ficaram brevemente em silêncio, mas suas cabeças fervilhavam. Talvez tenham pensado algo do tipo: "Claro que agora ela é feliz. Ele deve ter sido um carrasco e um canalha e hoje ela está livre dele."
Uma delas rompeu o silêncio:
- Mas como assim, amiga?
E a viúva explicou:
- Enquanto vivemos juntos, por pouco mais de vinte anos, esse homem me ensinou a amar. Quando nos casamos, eu era uma jovem tola, cheia de sonhos e vivendo ilusões. Ele era um homem prático, mas extremamente sensível. Amante da poesia, ensinou-me a apreciar versos e rimas. Nas horas vagas, tornava-se jardineiro. Mostrou-me como cultivar o solo, as plantas e as flores. Gostava de boa música. Copiei dele o entusiasmo pelo teatro e por concertos de música clássica e shows de música popular. Ele me desvendou os bons valores da vida. Deu-me a conhecer o verdadeiro significado de uma amizade e me ensinou a não desprezar nenhuma manifestação de carinho, por menor que seja. Me fez enxergar as maravilhas da natureza, bendizendo o sol e a chuva, sem se queixar do frio ou do calor. Com ele, aprendi a amar a vida como ela é. Por isso, em memória dele, não posso deixar de ser feliz e transmitir felicidade a todos.
"Que lição deixaremos ao partir deste mundo?" - esta deveria ser nossa indagação diária, enquanto estamos aqui.

Texto de Divaldo Pereira Franco - adaptação de Marcos Aguiar.

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