LIBERDADE É TUDO




Quando Gustavo nasceu, seu avô paterno presenteou sua mãe com um pequeno pássaro engaiolado. E explicou à nora:
- Mantenha o pássaro num lugar em que seu canto seja ouvido, pois isso acalmará o bebê quando estiver agitado. 
O avô estava certo. Por algumas horas a mãe deixava a gaiola no corredor, próximo ao quarto da criança, e percebia que ela fixava os olhos naquela direção sempre que o pássaro cantava.
Com o tempo, Gustavo passou a sorrir ao escutar o canto da ave e gostava de observá-la. O avô e a mãe estavam contentes.
Gustavo cresceu acostumado ao canto do pássaro e gostava de conversar com ele. Conversas de criança.
Uma vez, quando o menino tinha quase quatro anos, tentou abrir a gaiola. Repreendido pela mãe, alegou, na sua inocência, que o passarinho queria sair. Uns dias depois, fez nova tentativa e chegou a abrir a portinhola, sendo repreendido desta vez pelo pai. Entristeceu-se.
Em seu aniversário de seis anos, no momento em que apagava a vela do bolo, o desejo do garoto, dito em voz alta, foi: 
- Eu quero ver o passarinho voando!
Todos os presentes riram. Julgaram aquilo um simples capricho. Mas o menino não desistiu. Resolveu enfrentar o pai. 
- Por que o pássaro tem que ficar preso em uma caixinha tão pequena? 
O pai achou graça. Tentou explicar que o pássaro não conseguiria comer sozinho e sofreria, pois, se voasse para longe, não saberia retornar. 
- Mas, pai, e se ele encontrar a mamãe dele? Ele quer voar.
O pai então se comoveu. Sabia que o filho não aceitava o confinamento do pássaro e desejava mesmo libertá-lo. Mas como explicar-lhe melhor? Ele era pessoalmente contra o comércio de aves e as preferia soltas, mas nunca questionou a esposa. Foi, então, conversar com ela.
Decidiram comprar uma gaiola maior, pra que o pássaro pudesse alçar pequenos voos e assim Gustavo ficasse satisfeito. Mas ele não ficou. Nunca deixou de dizer que a ave queria ir embora.
Quando, tempos depois, o passarinho morreu, não ousaram adotar outro pássaro, pensando nas palavras de Gustavo. Compraram um bebedouro para aves na varanda e colocavam ali, diariamente, pedaços de frutas. Muitas aves da redondeza vinham, comiam, bebiam e cantavam, felizes e livres.
O pequeno Gustavo ensinou aos pais uma lição importante: não temos o direito de tirar a liberdade de nenhum ser vivo, com a desculpa de nos dar prazer ou por qualquer outro motivo banal.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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