"JOGUE A VACA!"





Certo homem e sua esposa moravam num isolado casebre de madeira, perto de um grande penhasco. Eram muito pobres, cultivavam uma pequena horta e seu bem mais valioso era uma vaca. Ela lhes proporcionava o leite que eles vendiam para os donos de sítios vizinhos; mas não ganhavam muito com isso.
Um dia, ficaram sabendo que haveria na vila uma palestra com um homem muito sábio, que prometia fazer qualquer um ficar rico. O casal se interessou e foi ao evento, chegando bem cedo ao local.
O palestrante falou muitas palavras difíceis e eles não entenderam quase nada. Ao término do discurso, o homem foi até o sábio. Contou sobre sua vida, suas dificuldades, a pobreza em que vivia com a esposa e as poucas coisas que possuíam.
Breve pausa. O sábio disse:
- Tenho um conselho, mas você tem que prometer que irá segui-lo.
- Sim, senhor, estou disposto a fazê-lo! Qualquer coisa pra mudar de vida!
- Pois bem: jogue sua vaca no penhasco!
- Mas como assim?! Se faço isso a vaca morre e será o nosso fim, pois iremos morrer de fome!
- Faça o que eu disse! É o meu conselho.
Dois anos se passaram.
O orador retornou ao povoado para uma nova palestra. Nem bem iniciou o discurso, reconheceu, na primeira fila, o homem a quem dera o conselho, acompanhado da esposa. Estavam muito bem vestidos e sorridentes.
No final do evento, o sábio foi ao encontro do casal. O homem, emocionado, contou: 
- Depois de alguns dias pensando no seu conselho, resolvi segui-lo. A princípio minha esposa e eu lamentamos muito por perder a vaca; no entanto, o desespero nos fez ver que tínhamos que fazer algo diferente para sobreviver. Começamos por ampliar a plantação em nossa horta; tudo o que colhíamos, vendíamos na feira e investíamos no nosso terreno. Em pouco tempo, nosso roçado ficou maior e mais fértil e alguns restaurantes começaram a comprar nossas hortaliças. A demanda aumentou a tal ponto que contratamos colaboradores, construímos um barracão para estoque e uma casa nova. Hoje somos os maiores produtores da região.
O desespero se apresenta, às vezes, como uma encruzilhada: podemos esburacar até o beco sem saída da desistência ou podemos enxergar além e seguir na grande avenida da superação.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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