A MAGIA DAS PALAVRAS



Na maternidade de uma grande metrópole, algo inusitado começou a chamar a atenção da enfermeira-chefe do berçário. Procurou o diretor da pediatria e disse:
- Há algum tempo notei que os bebês que ficam no canto do berçário choram menos e dormem mais tranquilos.
- Por que será? - indagou o médico, com ar de riso - Será que repousam em berços milagrosos? Ou, quem sabe, eles teriam uma fada protetora?
- Doutor, falo sério.
- Muito bem; vamos averiguar.
O pediatra descobriu que a enfermeira tinha razão. Os bebês citados eram sempre mais comportados.
Seria o posicionamento dos berços, onde havia melhor ventilação? Os colchões seriam mais confortáveis? Haveria menos ruído naquela parte do berçário?
Após checar tudo, o doutor concluiu que não havia nada anormal. As condições eram absolutamente iguais em todos os berços. Todos os bebês eram alimentados dentro de critérios e horários rigorosamente observados. Também não havia diferença de tratamento para nenhuma criança. As enfermeiras plantonistas eram igualmente eficientes e dedicadas. 
Intrigado, o pediatra decidiu inspecionar o berçário em horários diferentes. Foi no turno da noite que ele finalmente desvendou o mistério.
Além da plantonista havia uma senhora, encarregada da limpeza. De idade um pouco avançada, às vezes pausava a faxina e, nesses intervalos, ela se sentava no canto do berçário e começava a "conversar" com os bebês que ali estavam:
- Vida dura, meu anjinho... Minhas costas doem como se tivessem recebido pauladas.
- Gracinha! Você deve estar feliz, só no bem-bom; água e comidinha na hora certa.
- Que lindo que você é, anjinho...
E assim, durante alguns minutos, a senhora se comunicava com os pequenos; evidentemente eles não interagiam e sua única reação era o sono absoluto e tranquilo. Quando via que todos estavam dormindo, a senhora se levantava na ponta do pé e retomava seu serviço. 
O médico, que a tudo assistia à distância, sorriu. Havia encontrado a "fada". 
No dia seguinte, as 
enfermeiras receberam 
uma nova orientação: deveriam conversar com os bebês enquanto cuidavam deles. Dessa forma, o berçário se converteu no mais agradável paraíso para os pequenos pacientes.
A boa palavra consola, ampara, acalenta, ensina e salva. Aquele que faz bom uso da palavra, propaga a paz.

Texto de Richard Simonetti - adaptação de Marcos Aguiar. 

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