A LIÇÃO DA CAVEIRA




Um príncipe muito orgulhoso saiu certa manhã a cavalgar por suas terras que eram bastante vastas, repletas de vales, montanhas, colinas e prados. Cultuava-se a si mesmo e à sua vaidade por ser senhor de tantos domínios. 
A certa altura do caminho, deparou-se com um andarilho, sentado diante de uma gruta. Segurava uma caveira humana e a fitava com tanta atenção que sequer levantou a cabeça ao som dos cavalos e carruagens da caravana real. 
O príncipe não gostou nem um pouco da indiferença do sujeito. Aproximando-se dele, disse com rudeza:
- Levanta-te quando teu senhor passa por ti! Que vês de tão interessante nessa mísera caveira, que não reverencias a passagem de um príncipe e seu séquito? 
O homem ergueu os olhos serenos e respondeu com calma e firmeza:
- Perdão, senhor. Estava tentando descobrir se esta caveira pertenceu a um mendigo ou a um príncipe. Mas não consigo desvendar tal mistério, por mais que eu tente. Neste fóssil nada há que me diga se a carne que o revestiu repousou em travesseiros de plumas ou ao relento das estradas. Não há nenhum sinal que me aponte se ele já carregou um chapéu de fidalgo ou se suportou o sol ardente, na dureza de um trabalho pesado. Por isso não sei se devo levantar-me ou permanecer sentado diante daquele que em vida foi o dono deste crânio.
O príncipe simplesmente baixou a cabeça, deu meia volta e prosseguiu com o cortejo, porém pensativo e não mais se gabando. A lição da caveira lhe abatera o orgulho.
O que são títulos, honrarias e riquezas diante da morte?
Ao arrebatar a vida física, a morte não faz distinção entre contas bancárias e bolsos vazios. 
Se você se considera melhor que todo mundo, abandone essa idiotice. A morte virá ao teu encontro de qualquer maneira - mais dia, menos dia.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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