SALVO BEM A TEMPO

Certo homem, popularmente chamado de "pastor", realizava atos benevolentes de grandes proporções. Era conhecido por seu coração bondoso e sua cordialidade.

Onde quer que estivesse, abraçava e beijava estranhos, perguntava seus nomes, procurava ser o mais simpático possível. 

Sempre dizia: "Como é bom conhecer você! Quero saber tudo a seu respeito. Dê-me seu número; ligarei pra você em breve."

Anotava os números em tiras de papel, guardanapos descartáveis ou cartões de visita e enfiava tudo nos bolsos da calça e do paletó. Quando as pessoas viam aquele enorme volume de papéis nos bolsos do pastor, ficavam se perguntando se ele realmente daria conta de tantas ligações. 

Alguns achavam que, ao chegar em casa, ele jogaria toda a papelada no lixo. Mas os telefonemas aconteciam - por vezes, alguns minutos depois, horas mais tarde ou, em alguns casos, levava meses.

Uma vez, durante um concerto, um estranho passou seu número ao pastor, foi para casa e esperou. Nada. Nenhum telefonema. Ficou muito desapontado e ponderou que o pastor era um cara muito ocupado, portanto jamais se lembraria de lhe telefonar.

Dez anos se passaram.

Numa manhã, o telefone do estranho tocou, mas ele não queria atender. Estava tão desesperado que falar com alguém era a última coisa que ele desejava no momento. 

Contudo o telefone continuou tocando. Ele então resolveu atender.

- Olá, irmão! - disse a voz do outro lado - Como vai? Espero que esteja bem!

Reconheceu de imediato a voz jovial do pastor e ficou estarrecido. O que é que fizera o pastor telefonar, dez anos depois, justo naquele dia?

Tentou disfarçar:

- Estou bem, pastor...

- Que bom! Eu estava ainda há pouco remexendo a estante, procurando um livro que não lia há muito tempo. Quando o encontrei e o abri, caiu um papelzinho com seu nome e seu número. Então na mesma hora resolvi ligar pra você. 

O homem, comovido, mal conseguiu responder, balbuciando:

- Pastor, você ligou bem a tempo. Muito obrigado. 

Olhou para o laço que havia pendurado no teto e para a cadeira que estava logo embaixo e na qual iria subir em instantes.

O telefonema do pastor o fez desistir do plano...

Todos os dias, inúmeras pessoas dão cabo da própria vida, vencidas pela depressão e ansiedade. Nunca pense em fazer parte dessa estatística. Independentemente do que estiver acontecendo, haverá sempre uma saída pra você. Mantenha o otimismo e a serenidade. Tudo vai terminar bem, acredite.

Texto de Judith Leventhal - adaptação de Marcos Aguiar.