NÃO É MOLE




Houve um tempo em que o Céu estava tão próximo da Terra que bastava esticar o braço para tocá-lo.
Os humanos faziam isso constantemente e colhiam bocados do Céu a fim de comê-lo, porque era muito saboroso. Onde quer que o indivíduo estivesse, podia simplesmente desejar que o Céu fosse doce, salgado ou temperado e assim acontecia; pegava pedaços do Céu à vontade e satisfazia a todos os seus desejos, simplesmente estendendo a mão para o alto.
Mas essa regalia não durou muito tempo.
As pessoas começaram a pegar porções tão grandes que não davam conta de comê-las; pedaços do Céu ficavam espalhados por toda parte, terminando por azedar e estragar, dando ao solo um aspecto feio e fedorento.
Então o Céu se cansou de ser assim ultrajado e resolveu subir bem alto, onde está até hoje, longe do alcance dos humanos.
Foi a partir daí que eles tiveram de arar a terra, sobre a qual antes desperdiçavam o alimento celeste. Agora precisavam aproveitar o solo ao máximo, para dele obter o alimento que o Céu deixou de lhes oferecer tão facilmente.
É muito bom usufruir as bênçãos da vida, mas sempre será preciso esforço para fazer jus a elas.

Conto nigeriano de autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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