NA BASE DO GRITO




Dizem que no Pacífico Sul, mais especificamente nas Ilhas Salomão, os nativos descobriram um jeito inusitado de derrubar árvores. Se algum tronco é grosso demais para ser abatido a machadadas, eles o derrubam no grito.
Isso mesmo que você leu: no grito.
Os lenhadores se reúnem ao redor da árvore durante 33 dias seguidos, três vezes ao dia, pela manhã, ao meio-dia e ao entardecer. Gritam toda sorte de xingamentos e agressões verbais. Ao final do período, a árvore seca, morre e cai por terra - sozinha.
Segundo os nativos, o "ritual" nunca falha e a explicação é que, ao gritar, eles matam o espírito da árvore.
Essa estranha técnica nos leva a pensar em como utilizamos nossa língua. Sim, pois tudo o que proferimos tem poder - para o bem ou para o mal.
Será que temos noção dos distúrbios provocados em outra pessoa com nossas palavras ferinas? 
Se os nativos das Ilhas Salomão descobriram que as árvores são sensíveis aos gritos, que dizer dos seres humanos?
Com gritos e gargalhadas, perturbamos ou influenciamos ambientes. Com palavras grosseiras, podemos partir o coração de um ente querido ou abalar a confiança de um amigo. O fato é que, nas relações humanas, a fala desempenha papel fundamental.
Que a magia da voz seja aplicada para construir, abençoar e fortificar, não para matar o espírito do semelhante. 

Texto de Robert Fulghum - adaptação de Marcos Aguiar. 

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