O CAMINHO MAIS DIFÍCIL?

Conta-se que, há muito tempo, na região de Punjab, um homem entrou numa quitanda e roubou duzentas cebolas, mas não conseguiu fugir a tempo. Capturado pelo dono da venda, foi levado ao tribunal. Após avaliar o caso, o juiz pronunciou a sentença: 

- Irá pagar dez moedas de ouro ao quitandeiro!

- Meritíssimo, não tenho como pagar; a quantia é alta!

O magistrado então lhe propôs outras duas alternativas: receber trinta chibatadas ou comer as duzentas cebolas. O réu decidiu comer as cebolas. 

Quando estava na vigésima-quinta cebola, seus olhos estavam inchados de tanto lacrimejar e seu estômago queimava como fogo. Ainda restavam 175 cebolas e ele já não aguentava mais. Então suplicou ao juiz para mudar a pena e receber as chibatadas; o juiz concordou. 

Quando o chicote cantava nas suas costas pela décima vez, ele implorou para que parassem de castigá-lo, porque a dor estava insuportável. O pedido foi aceito, mas o ladrão teve que pagar as dez moedas de ouro de qualquer jeito.

- Se tivesse simplesmente aceitado a multa, teria evitado o suplício das cebolas e a tortura do chicote - disse o juiz balançando a cabeça - Mas você preferiu o caminho mais difícil.

Por que muitos de nós preferimos rodear uma questão ao invés de tentar logo resolvê-la?

Baseado numa lenda indiana - adaptação de Marcos Aguiar.