INVEJA, O GRANDE MAL

Havia um príncipe cuja voz era tão maravilhosa que encantava a todas as criaturas que o ouviam. Seu belo canto seduziu até a bruxa que morava na floresta negra e que por ele também se apaixonou. 

Contudo, ela não quis somente ouvir, mas imitar o canto do seu adorado. "Faremos um lindo dueto", ela pensou.

Aconteceu, entretanto, que a bruxa não conseguia cantar afinado. Bastava que abrisse a boca que dela saíam os sons mais bizarros, parecidos com o coaxar dos sapos. E a vaia era geral. 

A bruxa ficou com tanta raiva e inveja que lançou um feitiço contra o príncipe, dizendo:

- Se não posso cantar como você canta, farei com que se torne tão horrível quanto minha voz.

E o príncipe foi transformado num sapo!

Envergonhado de sua nova forma, ele fugiu e se escondeu no fundo da lagoa, onde havia uma comunidade de sapos, rãs e pererecas. Em tudo ele se assemelhava aos anfíbios, menos numa coisa: continuava a cantar tão bonito quanto no tempo em que era humano. 

Só que ninguém ali gostou do canto do novato. Todos só sabiam coaxar e aquele canto soava como coisa de outro mundo e perturbava a ordem da comunidade.

Ressentidos, advertiram: 

- Quem mora com sapos, rãs e pererecas tem que coaxar como eles. Não aceitamos algo diferente. 

Com isso o príncipe-sapo não teve outra alternativa: parou com seu lindo canto e se pôs a coaxar. De tanto praticar, acabou por "esquecer" as canções de outrora... mas, sempre em seus sonhos, as canções voltavam... como velhas amigas...

O invejoso não suporta a felicidade e o talento de seu semelhante e é um causador de maldades sem fim. Nunca permita que esse câncer corroa seu coração. 

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.