"A DAMA COM O LAMPIÃO"




Nascida na Itália, mas criada na Inglaterra, Florence Nightingale (1820-1910) recebeu uma educação clássica e jamais enfrentou problemas de ordem material.
Apesar de sua posição social privilegiada, desde cedo dava mostras de que buscava algo mais que uma vida tranquila e de conforto. Aos dezessete anos, informou à sua família que pretendia ser enfermeira, o que causou desagrado geral.
No século XIX, os hospitais tinham horrível aspecto e as enfermeiras, péssima reputação. Nenhuma mulher de respeito poderia adotar tal profissão - ao menos, era o que achavam os familiares de Florence. 
No entanto ela permaneceu irredutível e, em 1850, começou seu treinamento prático.
Três anos depois, tornou-se superintendente de um hospital para jovens inválidas, que acabaria se transformando no mais moderno da Inglaterra, à época.
Florence introduziu na instituição itens até então inexistentes, como campainhas para os enfermos acionarem ajuda, carrinhos para transportar alimentos e aquecedores de água, além de se dedicar à capacitação profissional de enfermeiras.
Mas foi sua atuação durante a guerra da Crimeia, em 1854, que transformou Florence num mito.
Os soldados ingleses feridos na frente de batalha não recebiam atendimento médico, dada a dificuldade de transporte de suprimentos. Careciam também de bandagens e medicamentos. Eram abandonados em leitos improvisados com palha, onde muitos morriam de moléstias diversas.
Quando tais notícias chegaram à Inglaterra, Florence enviou uma carta ao Secretário da Guerra, oferecendo seus serviços voluntários. Poucos dias depois, na condição de diretora das operações inglesas de enfermagem na guerra, ela e mais trinta e oito enfermeiras embarcaram para Uskudar.
Sob sua supervisão, vários postos de enfermagem foram montados e, apesar das precárias instalações e ínfimos recursos, mais de doze mil feridos receberam assistência de Florence e sua equipe, dia e noite.
Eventualmente elas acabavam contraindo as doenças que devastavam as tropas, como desinteria, reumatismo e febre.
Apesar de enferma e fraca, Florence recusou-se a deixar a Turquia antes da retirada total das tropas, o que só ocorreu em 1856; e, ao retornar à Inglaterra, foi recebida como heroína nacional. 
Contudo, pessoalmente, ela se sentia frustrada por não ter podido fazer mais pelos doentes. A fama não a modificou, nem diminuiu sua determinação.
Devotou-se integralmente à reforma das condições hospitalares em seu país, buscando melhorias na política de saúde pública.
Florence é lembrada como "a dama com o lampião", em decorrência da ideia que ela defendia e praticava - que "os cuidados de uma enfermeira para com os doentes jamais podem parar, seja dia, seja noite, em qualquer lugar".
Cada pessoa neste mundo pode fazer algo para melhorá-lo, não importa quão humilde seja sua contribuição.
Busquemos realizar nossa parte, dia-a-dia, por meio de frequentes atos direcionados ao bem.

Texto de Laura Braun - adaptação de Marcos Aguiar. 

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