O BORDADO




Um garotinho costumava brincar sentado no chão, ao pé de sua mãe, enquanto ela costurava. Ele levantava a cabeça e indagava:
- Mãe, o que a senhora está fazendo?
- Estou bordando, querido.
Engraçado que esse diálogo se repetia diariamente. É que, olhando de baixo, o guri achava estranho o que a mãe fazia, então ele sempre perguntava e recebia a mesma resposta.
Mas a curiosidade do menino era aguçada. Ficava intrigado com aquele amontoado de nós e fios de cores diferentes, compridos ou curtos, uns grossos e outros finos. 
Numa tarde, a mãe, sorrindo, disse:
- Filhinho, vá brincar um pouco no quintal; quando terminar meu trabalho eu te chamo, tá bom? 
O menino saiu com a cabecinha cheia de pensamentos emaranhados. Ainda não compreendia o porquê de tantos fios de variadas cores e espessuras e por que demorava tanto pra sua mãe fazer aquilo.
Mais tarde ela o chamou.
- Vem, filho, senta aqui no meu colo; quero lhe mostrar uma coisa.
O garoto ficou surpreso ao se deparar com um lindo bordado, muito bem feito. Ficou boquiaberto.
Lá de baixo era tudo tão esquisito mas, agora, vendo de cima, a impressão era completamente diferente!
- Vê, meu filho? O meu trabalho parecia desordenado porque você via de baixo; não percebia este belo desenho na parte de cima. Mas, agora, como está na mesma posição que a minha, você entende o que eu estava fazendo...
Muitas vezes não entendemos o que está acontecendo. As coisas parecem confusas, não encaixam direito e aparentemente nada dá certo. É que estamos num plano inferior e isso nos impede de enxergar melhor.
Simplesmente talvez ainda não tenha chegado o momento de compreender. É preciso, portanto, paciência. O tempo é o grande costureiro da vida e, certamente, algo está sendo bordado para nós.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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