"ENCHENDO" O CESTO




Um jovem monge shaolim aproximou-se de seu mestre e perguntou:
- Mestre, por que devemos ler o tempo todo os escritos sagrados se não conseguimos memorizar tudo e com o tempo acabamos esquecendo de qualquer maneira?
O veterano não respondeu de imediato. Por alguns minutos fitou o horizonte. De repente falou:
- Pegue aquele cesto de junco, desça até o riacho, encha o cesto com água e traga-o de volta.
O moço olhou para o cesto sujo e estranhou a ordem, mas não ousou questionar. Desceu as dezenas de degraus da escadaria do mosteiro até o riacho, encheu o cesto com água e começou a subir. Mas como o cesto era cheio de brechas, a água acabou escorrendo e quando o monge chegou lá em cima já não restava água nenhuma.
O mestre perguntou:
- O que você aprendeu, filho?
- Aprendi que cesto de junco não apara água - respondeu o discípulo com sorriso amarelo.
O mestre mandou que fosse outra vez buscar água com o mesmo cesto. Ao retornar com o cesto vazio novamente, o mestre indagou:
- Aprendeu mais alguma coisa desta vez, meu filho?
- Cesto furado não segura água...
O mestre então continuou ordenando que o discípulo repetisse a tarefa.
Depois da décima vez, o discípulo estava desesperado e exausto de tanto descer e subir em vão a escadaria.
No entanto, quando o mestre o interpelou de novo, ele respondeu admirado:
- Mestre, o cesto está limpo! Apesar de não conter a água, as sucessivas tentativas de enchimento o lavaram por completo! 
- Pois é! - retrucou o mestre - O fato de você não conseguir memorizar todos os trechos do livro sagrado não é importante. O que importa na verdade é que, no processo, sua mente vai ficando cada vez mais limpa e esclarecida! 
Conhecimento nunca é demais! 

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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