CÍRCULO DA FELICIDADE




O porteiro de um convento ficou surpreso com a visita e o presente de um camponês: um lindo e enorme cacho de uvas.
- Caro irmão porteiro, estas são as melhores uvas produzidas pelo meu vinhedo na última safra e as entrego com muito prazer.
- Obrigado! Vou levá-las agora mesmo ao abade, que ficará contente com sua oferta.
- Não! Eu as trouxe para você.
O porteiro coçou a cabeça. 
- Pra mim?
- Sim! - insistiu o camponês - Pois, sempre que venho aqui, você me recebe muito bem. Naquela vez, quando minha colheita foi destruída pela enchente, você me ajudou com comida por muitos dias. Então quero que aceite este presente.
O porteiro aceitou e agradeceu. Após admirar longamente o belo cacho, decidiu entregá-lo ao abade.
"Ele sempre me aconselhou com palavras de sabedoria. Isso não tem preço", pensou.
O Abade ficou muito contente com as uvas, mas lembrou-se que havia no convento um irmão enfermo.
"Vou levar-lhe o cacho. As uvas poderão ajudar na sua cura", refletiu com amor.
E assim o fez. No entanto o doente, olhando o cacho, raciocinou:
"O irmão cozinheiro tem cuidado de mim por tanto tempo, preparando-me a melhor refeição... estou certo de que gostará destas uvas!"
O cozinheiro ficou encantado com a beleza das uvas. "São tão perfeitas", disse consigo, "que as levarei para o irmão sacristão; ninguém melhor que ele para apreciá-las!"
O sacristão, por sua vez, deu o cacho de presente ao noviço mais jovem, como uma lição para que compreendesse a maravilha da Natureza, mesmo nos mínimos detalhes.
O coração do noviço encheu-se de alegria; nunca tinha visto uvas tão bonitas. Imediatamente lembrou-se de quando chegou ao mosteiro e da primeira pessoa que o recebeu e lhe deu as boas vindas. 
Assim, ao cair da noite, ele levou as uvas para o porteiro.
- Coma e aproveite, irmão. Você passa a maior parte do tempo aqui sozinho; com certeza estas uvas o deixarão muito feliz.
Com isso o porteiro entendeu que aquela dádiva tinha sido destinada realmente para ele; saboreou cada uma das uvas (e estavam mesmo deliciosas) e dormiu feliz.
O glorioso círculo da felicidade sempre se fecha em torno das pessoas altruístas e generosas. A humanidade precisa disso.

Texto de Bruno Ferrero - adaptação de Marcos Aguiar. 

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