CONSELHOS DA DONA CACILDA




Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, baixinha e tão elegante que todo dia, logo cedo, já está bem vestida, penteada e até discretamente maquiada.
Pouco tempo atrás ela se mudou para uma casa de repouso após perder o marido, com quem viveu 70 ditosos anos. Após esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, sorriu quando a atendente veio comunicar que seu quarto estava pronto.
Enquanto dona Cacilda manobrava o andador em direção ao elevador, a atendente ia descrevendo o quarto para ela.
- Não é muito grande, senhora, mas é arejado e muito agradável, com cortinas floridas enfeitando a janela e...
- Ah, eu adoro cortinas assim! - interrompeu a nova inquilina, com o entusiasmo de uma criança que acabou de ganhar um cachorrinho.
- Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... 
- Não importa; felicidade é algo que você pode decidir desde já. Se vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília estará arrumada; vai depender de como eu crio minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo, entende? Eu posso passar o dia inteiro deitada, lamentando sobre partes do meu corpo que já não funcionam bem... ou posso levantar da cama agradecendo pelas partes que ainda funcionam.
- Simples assim, dona Cacilda?
- Nem tanto, minha querida; isso exigiu de mim um certo treino, anos afora, e com isso aprendi a dirigir meus pensamentos e escolher as sensações que irão me dominar. Cada dia é um presente e a velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é que deposite muita alegria e outros bons sentimentos na sua conta de lembranças. Já passei dos noventa, mas ainda continuo movimentando a minha conta pois acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica!

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 

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