A MAIS BELA EDIFICAÇÃO

Muito tempo atrás, um rei do Iêmen chamado Hiamir ordenou a um dos seus ministros: 

- Desejo em breve visitar a cidade pobre e árida de Tiapur, mas você irá antes de mim. Assim que chegar lá, construa um amplo e magnífico palácio onde ficarei hospedado confortavelmente durante o verão.

- Assim será feito, ó rei!

No dia seguinte o ministro partiu, acompanhado de uma comitiva com numerosos camelos carregados de ouro e outras riquezas com as quais seria custeada a construção do palácio. 

Ao chegar à cidade o ministro ficou estarrecido com o estado de abandono em que se achava o povo. Por toda parte havia crianças famintas e incontáveis indigentes desnutridos. Tal cenário de miséria e mortandade extrema enterneceu o coração do ministro.

Ordenou a seus conservos que aplicassem toda a riqueza que trouxeram em abrigos para os desamparados, além de mantimentos, agasalhos, medicações e sementes para que a população pudesse trabalhar na lavoura.

Em poucos meses, o aspecto de Tiapur mudou completamente. Agora todos tinham renda, moradia, comida farta e dignidade e eram felizes.

Quando o rei finalmente chegou à cidade, foi recebido com grande júbilo pelos moradores e se sentiu deveras querido e amado.

- Mas onde está o meu palácio? - indagou.

O ministro explicou, ajoelhado diante do rei:

- Senhor, sei muito bem que aquele que o desobedece e trai sua confiança deve ser condenado à morte. Pois bem, aqui estou para receber sua sentença.

Em seguida contou tudo o que fizera e como gastou os recursos que lhe foram confiados para mudar a triste sorte daquela gente.

- Levante-se, nobre ministro! - disse emocionado o rei - Você é responsável pela mais bela edificação que já conheci: vejo torres cintilantes nas fisionomias alegres das crianças, imponentes muros de marfim no sorriso radiante dos meus súditos e agradáveis jardins nos olhares graciosos das mães. Estimado ministro, como é majestoso o palácio erigido por sua bondade nas terras de Tiapur!

Que o maior investimento não seja em construções materiais, mas em pessoas, pois suas vidas são a alma da nação!

Texto de Malba Tahan - adaptação de Marcos Aguiar.