UMA BOLA PARA UM JUDEU




Foi durante a Segunda Grande Guerra, na Alemanha. O tempo era de escassez, de medo e de perseguições. Na intimidade de sua casa, uma família alemã ocultou Max, um judeu - ainda por cima, gravemente enfermo.
A menina da casa, compadecida com o sofrimento daquele homem, concordou em lhe ceder a cama. 
Na sociedade alemã da época, esse nobre gesto de solidariedade era considerado crime - simplesmente pelo fato do beneficiado ser judeu.
Max jazia imóvel e inválido sobre o leito e o prognóstico não era dos melhores. Não se podia chamar um médico para tratá-lo, pois isso significaria prisão para toda a família. Não havia nada que pudesse ser feito, a não ser cuidar dele de alguma forma.
A garota refletiu:
- Quem sabe Max não retorna à vida e sai desse estado vegetativo se lhe dermos algum motivo para viver...
Assim, todas as tardes, passou a ler em voz alta para ele. Lia, falava com Max e o despertava delicadamente a cada manhã. 
Depois ela pensou em lhe dar presentes. Primeiro, uma bola furada que encontrou na rua. Depois, uma fita na sarjeta, um botão, uma pedrinha chata e redonda do córrego, um invólucro de bala liso e desbotado.
Certo dia, ela quis lhe dar uma nuvem. Mas como se pode presentear alguém com uma nuvem?
A menina então se contentou em descrever a nuvem para Max e desenhá-la num papel amarelado, colocando-o na mesa da cabeceira - e não apenas o papel; todos os "tesouros" da menina para o moribundo estavam ali, perto dele.
Finalmente, um dia, Max abriu os olhos. A garota o encontrou sentado na cama, com a bola murcha no colo. Ele sorria, acariciando cada um daqueles preciosos presentes.
- Adorei a nuvem! - disse ele.
E não voltou a adoecer.
Você também pode fazer a diferença na vida de outra pessoa? 

Texto de Markus Zusak - adaptação de Marcos Aguiar. 

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