O ACOMPANHANTE FINAL




Um homem finalmente foi intimado a comparecer ao tribunal a fim de ser julgado. A condenação parecia quase certa.
Todavia, o réu tinha três conhecidos de longa data, aos quais recorreu à véspera do julgamento, suplicando-lhes apoio e proteção. 
O primeiro falou-lhe com arrogância:
- Nada posso fazer por você a não ser te arranjar um terno novo, pra que estejas bem apresentável diante do juiz.
O segundo conhecido, aparentemente um pouco preocupado, respondeu:
- Gosto muito de você, mas tudo o que posso fazer é te acompanhar até à porta do tribunal.
Já o terceiro afirmou com entusiasmo:
- Pode deixar, amigo: estarei com você diante do júri e falarei em sua defesa!
E assim foi. Falou tão eloquentemente em favor do amigo que este acabou sendo absolvido, com a aprovação dos próprios acusadores!
O mesmo se sucede à morte de todo peregrino que aqui passou. Diante do sepulcro, somos convocados a nos apresentar ao tribunal da consciência.
O primeiro acompanhante é o dinheiro, que nos garante o sepultamento com seu aparato, e é tudo o que ele pode fazer. 
O segundo, o que nos acompanha até à porta, são as pessoas que convivem conosco, sejam ou não consanguíneas. Dar-nos o último adeus é o máximo que podem fazer em nosso favor.
O terceiro e fiel acompanhante é aquilo que fizemos em nossa estadia terrestre. O bem ou o mal que praticamos transformar-se-á no gênio tutelar de nossos destinos.
Será sempre melhor optarmos por fazer o bem, pois isso certamente se converterá na luz inextinguível do nosso caminho infinito.

Texto de Francisco Xavier - adaptação de Marcos Aguiar.

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