A ESPERANÇA DE UMA MOSCA




Uma mosca, mal acabando de nascer, começou a voar desajeitadamente, mas com muita vontade de descobrir o mundo e disposta a arriscar distâncias cada vez maiores.
Feliz da vida, entrou pela janela da cozinha de um grande palácio. Mas, não reparando uma enorme panela fumegante, acabou caindo dentro dela, sobre um molho que estava sendo preparado para a própria rainha. 
Quando a mosca percebeu a enrascada em que havia se metido, começou a debater-se desesperadamente, mas não conseguia sair dali. Ela então rezou:
- Ó, Criador, não me deixe morrer aqui. Acabei de nascer e tenho apenas um ou dois dias de vida para explorar o mundo, do qual quase nada conheço. Por favor, me socorra!
Enquanto isso, o cozinheiro ia pegando a panela quando viu aquela mosca no meio de sua iguaria. Com uma colher comprida, retirou a inoportuna e arremessou-a longe, praguejando baixinho.
A mosca, atordoada, despertou. Caíra sobre uma pequena flor, no jardim. Sacudiu as asas para retirar os respingos de molho, suspirou aliviada e deu graças por estar livre outra vez. 
E logo saiu voando para outras partes.
Enquanto ganhava os ares, refletia:
- Devo dedicar o tempo que me resta a fazer o que deve ser feito, aquilo para o qual fui criada, minha missão neste mundo.
Tu e eu somos como essa mosca. Nossos dias também são breves e nosso nascimento é simplesmente o início da contagem regressiva para o dia de nossa morte. Também passamos com frequência por situações difíceis, confusas ou mesmo perigosas. Contudo nunca devemos deixar que a esperança se dissipe. Por mais complicado que seja, há sempre uma saída pra que possamos cumprir nosso propósito, antes do último fôlego. 

Texto de Amina Shah - adaptação de Marcos Aguiar. 

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