VIRTUDE X PRAZER

 

Um jovem saiu de casa, sem rumo certo. Caminhava de cabeça baixa, triste e submerso em pensamentos amargos.

Questionava-se porque outras pessoas levavam uma vida tão boa, enquanto a dele era sobrecarregada com dores e angústias.

Enquanto refletia sobre isso, chegou a uma encruzilhada e parou para decidir sobre qual caminho deveria prosseguir. 

A estrada à direita era pedregosa e acidentada, sem nenhuma beleza, e levava diretamente às montanhas. Já a trilha da esquerda era larga e lisa, com árvores frondosas, muita sombra e agradavelmente ruidosa com o canto dos pássaros. Contudo ela levava a um destino desconhecido, ocultado por uma espessa neblina no horizonte. 

O jovem, ainda absorto em sua reflexão, viu de repente duas mulheres vindo ao seu encontro; cada uma vinha de uma das trilhas.

A que veio do caminho bonito chegou primeiro. Era tão linda quanto um dia ensolarado. Tinha as faces coradas e olhos sedutores.

- Nobre jovem! - disse ela - Não se sujeite mais a tarefas árduas; siga-me. Te conduzirei por um caminho descontraído, onde não há aborrecimentos. Terá uma vida fácil, cheia de delícias e sem responsabilidades. 

Nesse ponto, chegou a outra mulher (não tão deslumbrante quanto a outra, mas tinha um semblante puro e suave) e disse ao rapaz:

- Não te prometo nada, mas você poderá ter o que quiser, se estiver disposto a lutar por isso com todo o empenho. A estrada por onde te levarei é acidentada e difícil. Terá que subir morros, escalar penhascos e arriscar-se em vales e pântanos. No entanto, minha trilha tem o glorioso destino da paz e da felicidade. Ao final, você verá que terá valido a pena todo o esforço. 

- Mas qual é o teu nome? - perguntou o moço. 

- Virtude!

- E o teu? - indagou o jovem, virando-se para a primeira mulher.

Sorrindo maliciosamente, ela respondeu:

- O meu nome é Prazer. 

O mancebo não precisou pensar muito.

- Irei com você! - disse, voltando-se para a Virtude - Você me guiará pela estrada do trabalho honesto e certamente meu coração não mais acolherá a amargura ou o descontentamento; e terei o que quero!

Assim dizendo, tomou a mão da Virtude e seguiram a estrada reta e agreste que conduzia às imponentes montanhas.

O caminho do progresso é cimentado com o suor da labuta; é no sacrifício pessoal que se descobre a glória da libertação espiritual. 

Texto de William J. Bennett - adaptação de Marcos Aguiar.