UMA CAMISA PARA O REI

 




Certa vez um rei adoeceu gravemente e, apesar de acompanhado pelos melhores médicos, seu estado só piorava. Quando estavam a ponto de perder as esperanças, uma criada idosa falou:
- Eu sei uma forma de salvar o rei: se vocês puderem encontrar um homem feliz, tirem-lhe a camisa e vistam-na no rei e assim ele se recuperará. 
Como já se haviam esgotado todas as possibilidades, o rei ordenou que fizessem como a criada sugerira. Enviou emissários a todas as partes do reino, à procura de um homem feliz.
Cavalgaram por todos os lugares, mas se depararam apenas com pessoas resmungonas e amarguradas. Ouviram todo tipo de queixa:
- Aquele alfaiate fez as calças curtas demais!
- Esta comida está péssima! Esse cozinheiro não faz nada direito!
- Meus filhos só me dão trabalho e desgostos!
- E esse telhado cheio de goteiras? Que praga!
- Não tenho nem onde cair morto! Que miséria essa em que vivo!
- Será que o governo não pode dar um jeito nesta situação?
Essas e muitas outras reclamações foram tudo o que os servos do rei ouviram. Parece que literalmente todo mundo só tinha motivos para se lamentar.
Voltaram ao palácio e relataram tudo aquilo ao rei, que pôs as mãos à cabeça, desesperado.
Nesse momento, entretanto, foi anunciada a chegada do príncipe, que também percorrera o reino, por conta própria. Vinha com o semblante alegre, ao contrário dos mensageiros.
- Meu pai! - disse ele, empolgado - Creio ter finalmente encontrado alguém feliz. Ao passar em frente a uma cabana, não muito longe daqui, ouvi um homem dizer: "Obrigado, Senhor! Concluí meu trabalho diário e ajudei meu semelhante. Saciei minha fome e agora posso deitar e dormir em paz. O que mais poderia desejar?" 
O rei então se animou e enviou o príncipe com alguns de seus homens até à cabana, a fim de trazerem a camisa do homem feliz. Mas, chegando lá, descobriram que o homem era tão pobre que não possuía nem uma só camisa!
Não podemos ter tudo o que queremos neste mundo, mas porventura algum de nós não terá nenhuma razão sequer para dar graças?

Texto de William J. Bennett - adaptação de Marcos Aguiar. 


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