O RETORNO DA MÃE

 




Os três menininhos chegaram ao anoitecer com o semblante visivelmente triste. Decerto haviam chorado horas seguidas. 
De mãos dadas, entraram no que seria seu novo lar dali pra frente. Sua mãe havia morrido na véspera. 
O diretor da instituição os recebeu com carinho e tentou lhes providenciar o melhor conforto possível. Como todas as camas estavam ocupadas, ele cedeu a sua para que os três novos moradores pudessem dormir naquela noite. Ele se acomodou, de forma improvisada, no mesmo quarto.
Os pobres pequenos órfãos, sobrecarregados com tantas e fortes emoções, logo adormeceram, abraçados uns aos outros.
Pela madrugada, algo estranho despertou o diretor. Ao abrir os olhos, percebeu um grande clarão ao lado da cama dos meninos.
Tentou erguer-se mas não conseguiu. Em meio àquela claridade, visualizou uma forma feminina, que lhe falou: "Fique aí. Não se preocupe. As crianças estão bem."
Aquele ente sobrenatural deteve-se especialmente ao lado do menor dos garotos - aparentemente o mais desalentado. Permaneceu ali por mais algum tempo. 
Diante daquela visão, o homem terminou adormecendo outra vez. 
Pela manhã, despertou os meninos. Enquanto auxiliava o menor a se vestir, este perguntou:
- Senhor, minha mãe veio me visitar ontem à noite. O senhor a viu?
O diretor aconchegou o garoto ao seu peito.
- Sim, meu filho. Eu a vi.
É sempre doloroso perder alguém que amamos, mas a lembrança e a saudade podem às vezes tornar esse ser querido tão presente quanto o era em vida. São impressões e sentimentos que não têm explicação. 

Trecho de "O Estranho e o Extraordinário", de Charles Berlitz - adaptação de Marcos Aguiar. 


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