APRENDEU COM A DOR

 




Aquele era um dos dias mais felizes e esperados pelo pequeno André; a realização de seu grande sonho: mergulhar na enorme piscina de adultos do clube - o presente de aniversário de cinco anos que seu pai lhe prometera.
Chegaram cedo ao clube, naquela manhã de domingo. O pai falou:
- Filho, preciso ir ao ambulatório a fim de fazer o exame de rotina. Lembre-se que você só entra na piscina comigo. Portanto espere aqui até eu voltar. 
Mas André não via a hora de entrar naquele pequeno oceano; tão logo o pai se afastou, correu até à piscina e mergulhou.
Só após o mergulho é que ele constatou que aquela piscina não era rasa como as outras. Acostumado a sentir os pés firmes no fundo, agora a sensação era diferente: desespero.
Foram os segundos mais sombrios de sua existência. 
A água entrando em seus pulmões... seus bracinhos frágeis tentando alcançar a superfície... a respiração ofegante... 
Depois, silêncio. 
André parou de se debater e apagou. 
Tudo foi ficando longe. A angústia sumiu. Uma mão iluminada parecia se estender em sua direção. Depois, um feixe de luz... daí, nada mais percebeu.
Quando o pobre garoto recobrou os sentidos, já não estava na água, mas num leito de hospital.
Seus pais vibraram quando ele voltou a si. Em pouco tempo se recuperou e teve alta. Foi um incidente que ele jamais esqueceria.
Anos depois, já adolescente, ele perguntou ao pai como fora salvo.
- No exato momento em que você estava se afogando, um homem passou perto da piscina e notou algo errado. Sem hesitar, mergulhou e encontrou você, quase sem vida, afundando. Ao te retirar da água, viu que você estava todo roxo. Imediatamente ele fez todos os procedimentos de ressuscitação e foi assim que você sobreviveu e pôde ser internado. Claro que sua mãe e eu ficamos muito gratos àquele homem. Mas ele explicou que só estava pagando uma dívida a ele mesmo. "Essa habilidade em salvar um afogado", disse ele, "me custou muito caro. Um dia vi meu filho morrer afogado e não pude fazer nada, pois eu não sabia o que fazer naquela situação. Com o coração dilacerado, prometi a mim mesmo que jamais deixaria outra pessoa morrer de afogamento na minha frente. Estudei e aprendi todas as técnicas de primeiros socorros e atendimentos de emergência. Ao invés de me deixar abater pela perda de meu filho, vi nisso um desafio - o desafio de ser um agente do bem!"
Devemos nós, também, assimilar as lições ensinadas pelo sofrimento e torná-las em bênção para outras pessoas. 

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA FILA QUE VALEU A PENA

A VERDADEIRA RIQUEZA

OS PREGOS