BELEZA QUE NÃO SE ENXERGA

 




Num bosque quase deserto, um homem entristecido sentou-se embaixo de um velho carvalho. 
Estava desiludido da vida e cheio de razões pra chorar; achava que o mundo inteiro conspirava contra ele.
A chegada repentina de um garoto interrompeu os melancólicos pensamentos daquele homem. O guri estava ofegante e cansado de brincar no mato.
Parou na frente do homem e disse, cheio de alegria:
- Veja o que encontrei!
O homem ergueu o olhar, indiferente. Havia uma flor na mão do menino. Pétalas caídas, folhas murchas e provavelmente nenhum perfume.
- Ah, que tolice! - pensou o homem. Resmungou um monossílabo e se virou para outro lado, mas o menino não se retirou. Sentou perto do homem, levou a flor ao nariz e suspirou:
- Ah, o cheiro é ótimo e a flor é bonita também. Por isso a peguei. Toma! Agora é sua.
O carrancudo homem sabia que precisava pegar a flor, senão o moleque não iria embora.
Estendeu a mão para pegá-la. Foi aí que percebeu que o menino era cego.
O homem ficou sem saber o que dizer, por alguns instantes. 
Quando finalmente pôde falar, agradeceu, entre lágrimas, por ter recebido a mais linda flor do bosque.
O pequeno saiu saltitante e feliz, cheirando outra flor que colhera, e sumiu em meio ao arvoredo. Mas o homem jamais o esqueceria, tampouco a valiosa lição que ele lhe ensinara. 
Agora aquele homem conseguia entender, sob a ótica de uma criança cega, que o problema não estava no mundo, mas em si mesmo.
E, ainda refletindo, com o ânimo renovado, levou ao nariz aquela ressecada flor e sentiu a fragrância de uma rosa...
O mundo físico pode ser belo, mas a verdadeira beleza, a essencial, é invisível aos olhos; só pode ser notada por almas sensíveis e conectadas com o Divino.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar. 


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