EGOÍSMO FATAL

 




Uma jovem princesa, mesmo cercada de riquezas e conforto, não se sentia plenamente feliz. Faltava-lhe algo e o vazio em seu coração era imenso. 
Assim, aflita, mandou chamar um ancião, famoso pela sabedoria. Confessou-lhe sua angústia e rogou-lhe ajuda.
O respeitável sábio sorriu e lhe falou:
- Alteza, daqui a três luas nascerá em seu jardim a mais bela flor que seus olhos já viram. Será uma rosa encantada que, com sua beleza, perfume e encantamento, lhe darão a alegria de que sentes falta. Mas, tenha cuidado: é sua a responsabilidade de cuidar dela. Caso contrário, a flor e seu encanto se perderão. 
A princesa sorriu, agradecida, e aguardou com ansiedade o momento em que conheceria a flor encantada.
Na data prevista, ao amanhecer, a princesa avistou de sua janela a flor - de fato, a mais linda que já havia visto!
A donzela correu ao jardim e atirou-se de joelhos na grama, maravilhada com a beleza da flor. Beijou-lhe as pétalas suavemente, inalou com vontade o seu perfume.
Ordenou ao jardineiro que desse à flor o tratamento mais especial: o melhor adubo, a água mais fresca.
Logo todos no reino ouviram sobre a flor encantada e quiseram ver por si mesmos. A flor se tornou o centro das atenções e o tema principal nas rodas de conversas. Por isso, a princesa pôs guardas em redor da flor, evitando que alguém a machucasse ou roubasse. 
Ainda assim, muitos curiosos se aglomeravam em torno da flor, o mais próximo que podiam. Com isso a princesa acabou se irritando certo dia, e resolveu tirar do jardim a flor. Arrancou-a e a levou para seu quarto, plantando-a num vaso de ouro cravejado de joias. 
- Enfim - pensou a princesa -, agora a rosa é só minha e apenas para meu deleite!
E se isolou com a flor em seu quarto. Recusou visitas, até mesmo de parentes próximos. Estava feliz com sua flor.
Todavia, em pouco tempo a rosa começou a mudar de aspecto. Seu perfume se esvaiu; sua cor escureceu e suas pétalas enrugaram. 
Foram em vão todas as tentativas para reavivá-la. Na manhã seguinte a rosa estava morta e a princesa chorou lágrimas tardias de arrependimento por seu egoísmo. 
A verdadeira felicidade está em se dar, não em se isolar. 

Texto de Fábio Azamor - adaptação de Marcos Aguiar. 


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