TODOS SÃO ESSENCIAIS





Numa pequena cidade do interior, havia um humilde homem do campo que
foi contratado pelo Conselho Municipal para cuidar das fontes que forneciam água à comunidade.
Apesar da simplicidade, era um sujeito muito trabalhador e dedicado. Com discrição e regularidade, inspecionava sua área de trabalho, retirando folhas e galhos secos, bem como tudo que poderia contaminar a água corrente e fresca. Mas ninguém notava suas longas horas de trabalho e seu esforço em manter o lugar sempre limpo.
Com o tempo, a cidade começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a ornar e a nadar naquelas límpidas águas. Rodas d'água foram instaladas no fluxo do riacho, girando dia e noite. Plantações e flores vivamente coloridas eram naturalmente irrigadas, proporcionando, em toda parte, uma paisagem de beleza extraordinária. Os anos passaram, e tudo ali prosperou.
Foi quando, um dia, o Conselho convocou uma nova reunião semestral. Um dos membros do Conselho requisitou uma revisão no orçamento da cidade e colocou os olhos no ordenado do cuidador das fontes.
- Esse velho zelador - começou - é funcionário aqui há muitos anos. Considero que sua contratação seja um grande desperdício. Afinal, o que é que ele faz? Não passa de um obscuro serviçal, sem utilidade alguma!
Sua palavra convenceu todo o Conselho, que resolveu despedir o pobre homem.
Nas semanas seguintes, nenhuma novidade. Mas, no outono, folhas secas e pequenos galhos das árvores foram caindo nas fontes e ao longo de todo o riacho. Com o tempo, todos começaram a notar uma coloração amarelada na água, ficando, posteriormente, barrenta. Em poucos dias, uma camada de lodo cobria toda a superfície, ao longo das margens.
A água começou a exalar mau cheiro; as aves foram abandonando o local. As rodas d´água, sem manutenção, emperraram. Aquele lugar, antes tão bonito, se tornou deplorável. Os turistas sumiram. Com a água suja, surgiu uma peste na cidade, contaminando a muitos.
O Conselho Municipal, em nova sessão, admitiu que cometera um grande erro. Procuraram de imediato o antigo funcionário e o recontrataram.
Como num passe de mágica, aquele lugar, em pouco tempo, "ressuscitou"; tudo voltou a ser como antes; na verdade, ficou até melhor.
Já reparou como muitos de nós nos comportamos como aquele Conselho? Que não notamos nem consideramos determinados indivíduos? Pessoas que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa e para que o mercado tenha as prateleiras abastecidas; que mantêm os corredores de hospitais e de escolas sempre limpos; que faxinam as ruas, recolhem o lixo, dirigem o transporte que nos leva ao destino; o porteiro do prédio ou da empresa; anônimos pelos quais quase sempre passamos sem "vê-los".
Mas, sem seu trabalho diligente, o nosso não poderia ser realizado ou nosso cotidiano seria mais complicado.
No mundo, cada pessoa tem uma tarefa específica e indispensável. Reconhecendo-se ou não, TODOS são indispensáveis.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.


 

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