O ASILO DA CRIANÇA

 

Um idoso enfermo acabou indo morar com o filho, a nora e o neto de apenas cinco anos.
Com o tempo, o casal começou a ficar incomodado. Nas refeições, o pobre senhor, acidentalmente, entornava o copo com água, leite ou suco, tremia ao levar à boca a colher com o alimento, derramando-o sobre a mesa e sujando tudo. Não era incomum ele deixar cair pratos e copos, quebrando-os.
- Isso não está certo! - resmungava o casal entre si. Vamos reservar uma mesa para ele; então poderemos comer sossegados.
E assim o idoso passou a comer numa mesinha à parte, no canto da copa, separado deles. De vez em quando ele levantava olhares tristes para o lado do filho e da nora, mas estes não faziam caso disso.
- Você tem que se livrar de teu pai! - disse um dia a mulher. Já temos nossos problemas; não temos tempo pra ficar cuidando de um velho doente e quase moribundo. Melhor levá-lo para um asilo; lá tem gente disposta a cuidar dele.
O homem achou que seria de fato o melhor a ser feito; levantou-se para fazer uma ligação ao asilo mais próximo e marcar a mudança de seu pai para lá.
No corredor, deparou-se com o pequeno, que estava concentrado numa edificação feita de cartões de plástico. A mulher estava perto também.
- E aí, meu filho? Belo trabalho! O que está fazendo? Uma escola? Uma mansão?
- Estou fazendo um asilo, papai! - explicou o menino, com a maior naturalidade - Sabe o que é? É que, quando eu crescer, vocês estarão velhinhos e doentes e nem sempre terei tempo de cuidar do senhor e da mamãe, porque terei meus próprios problemas; então este asilo será reservado para vocês!
O mundo desabou para os pais da criança com aquelas palavras.
A partir daquele dia, passaram a cuidar do pai e sogro o melhor que puderam, e o telefonema para o asilo jamais foi feito.
Lembre-se que o mundo dá muitas voltas. Hoje é você quem ajuda; amanhã, alguém te ajudará. Portanto faça a tua parte com amor e dedicação, dando o teu melhor.

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.