15 DÓLARES

 

Um milionário e seu filho tinham uma grande paixão em comum: as artes. Como eram muito unidos, passavam horas admirando a coleção de obras de arte situada na ampla sala de sua mansão.

Tudo ia perfeitamente bem, até que um telegrama, enviado pelo governo ao filho, mudou a história daquela família. O rapaz fora convocado para a guerra e precisou partir em poucos dias.

Já no campo de batalha, enquanto resgatava um companheiro ferido, o filho foi morto em batalha. Ao receber a notícia de seu falecimento, o pai sofreu um duro golpe.

Um mês mais tarde, alguém bateu à sua porta. Era um jovem carregando uma grande tela de pintura. O pai, ainda em luto, convidou o moço para entrar. Este então falou:

- O senhor não me conhece, mas eu sou o soldado que o seu filho salvou antes de morrer. Na verdade, sou um dos muitos que ele salvou naquele dia. Ele estava me levando para um ponto seguro quando foi atingido por uma bala. Durante os dias em que estivemos juntos, ele falava muito do senhor e da vossa paixão pelas artes.

O mancebo então entregou a tela ao milionário, dizendo:

- Eu sei que não sou um grande artista, mas sei que o seu filho gostaria que o senhor ficasse com isso.

O homem pegou a tela e a desembrulhou; era um retrato de seu filho, feito pelo jovem soldado. O enlutado senhor ficou impressionado com o realismo da pintura - uma reprodução quase perfeita dos traços físicos de seu filho. Muito emocionado com a obra, o homem agradeceu pelo presente.

Depois que o soldado partiu, o pai pendurou a tela antes de chegar à sala onde ficavam as grandes obras que ele tinha. E pensou: 

- Quando alguém vier à minha casa, verá o rosto do meu filho antes de ver a minha galeria.

Muitos anos se passaram e aquele homem morreu. Em seguida, foi anunciado um leilão de todas as suas obras de arte. No dia do leilão, muita gente rica e importante foi até à mansão. Todos estavam ansiosos e dispostos a gastar muito dinheiro para arrematar as obras. A pintura do filho também estava em exposição. O leiloeiro deu início ao evento batendo o martelo e dizendo:

- Senhoras e senhores, vamos começar o leilão com o quadro “O Filho”. Quem vai dar o primeiro lance? Quanto os senhores oferecem por este quadro?

Ninguém se manifestou. Segundos depois, ouviu-se uma voz ao fundo da sala:

- Queremos ver a grande coleção! Deixe esse quadro por último!

Mas o leiloeiro insistiu:

- Quanto oferecem por esta pintura? 

Outra vez, ouviu-se a voz:

- Não viemos aqui por causa deste quadro sem valor! Queremos comprar as autênticas obras de arte. Que se inicie o leilão de verdade!

Mesmo assim, o leiloeiro insistiu:

- Quem quer levar "O Filho"?

Finalmente, alguém levantou a mão e disse:

- Eu pago 15 dólares pelo quadro!

Quem fez a oferta foi o antigo jardineiro da casa. Sendo ele muito pobre, aquele era o único dinheiro que podia oferecer.

O leiloeiro então gritou:

- Temos 15 dólares por este quadro! Quem dá mais?

As pessoas começaram a se irritar:

- Nenhum de nós quer saber desse quadro. Queremos as pinturas realmente valiosas!

Então o leiloeiro bateu o martelo:

- Dou-lhe uma... dou-lhe duas...Dou-lhe três... vendido por 15 dólares!

- Aleluia, até que enfim! Agora vamos ao que interessa! - disse um dos presentes.

Mas o responsável pelo leilão deu um comunicado que surpreendeu a todos:

- O leilão está encerrado!

Os participantes se indignaram:

- Que palhaçada é essa? Nós nem vimos as outras peças!

O leiloeiro, então, explicou:

- Sinto muito, senhores, mas quando me contrataram para realizar este leilão, deixaram claro que havia um segredo a ser respeitado e que só poderia ser revelado no momento certo. De acordo com o testamento do proprietário, apenas o quadro "O Filho" seria leiloado. Aquele que arrematasse essa pintura receberia todas as outras obras de arte e, também, herdaria todas as suas posses. Portanto, o senhor que ofereceu os 15 dólares pela tela "O Filho" ficará com tudo! 

O desprezo por coisas aparentemente sem valor pode pôr tudo a perder! Devemos atentar para as coisas simples da vida!

Autoria desconhecida - adaptação de Marcos Aguiar.